Morre Moacir Santos

Moacir Santos, empresário, ex-dirigente e atleta de Mamoré e URT, comentarista esportiva, faleceu nesta segunda-feira (25), vítima de um aneurisma.

O seu corpo está sendo velado no Velório Bom Pastor, na Avenida Paracatu e o seu sepultamento se dará nesta terça, no cemitério de Santa Cruz.

Moacir comemorou mais um aniversário no último sábado, numa grande festa no salão do Center Patos Hotel, onde recebeu os seus amigos, ao lado de sua esposa Dona Glória Bruno.

No convite estava escrito:

“Dormi no ponto e não comemorei os 70! Mas agora, acordei para comemorar os 72! E os 50 anos de minha vinda para Patos de Minas! Para isso, quero a presença das pessoas que amo: parentes e amigos escolhidos a dedo.

Desculpe-me a ousadia de coloca-lo no rol dos meus eleitos. Conto com a sua presença para esta celebração. 23/Jan/2010 – 19:30 h: Missa em Ação de Graças – Catedral de Santo Antonio. 21:00 h: Recepção – Center Patos Hotel.

Presente solicitado: 02 quilos de alimentos não perecíveis a serem doadores a uma entidade beneficente.”

Onde nasceu

Moacir Amâncio dos Santos é natural de Batatais (SP), criado em Ribeirão Preto, onde deu os primeiros passos no futebol defendendo o juvenil do Botafogo, daquela cidade. O primeiro contrato como profissional, no entanto, foi assinado aos 16 anos de idade com o Jaboticabal Esporte Clube, integrante da segunda divisão de São Paulo, naquela oportunidade. De volta ao Botafogo, disputou por esta equipe a segundona paulista.

Moacir Santos se destacou e se transferiu para um dos grandes da capital, o São Paulo Futebol Clube, na época na construção do Estádio do Morumbi, quando Bela Guttman era o treinador e Vicente Feola, o supervisor. No tricolor ele era reserva de DeSordi, que regressara da Suécia com o título de campeão do mundo em 1958 pela Seleção Brasileira. Porém, Moacir era escalado em partidas amistosas.

O namoro

Moacir começou a se aproximar de Patos de Minas quando atuava pelo Uberlândia e realizou aqui um amistoso contra o Mamoré, com a equipe do Triângulo levando a melhor por 3×1.

Iniciou-se o interesse do Mamoré pelo seu concurso e, também, o namoro de Moacir com aquela que seria a sua esposa, Dona Glória Bruno.

“Quando chegava junto ao alambrado para cobrança dos laterais, chamou-me a atenção a presença dela, no meio da torcida feminina uniformizada do Mamoré. À noite, no vai-e-vem da Major Gote, voltamos a nos encontrar e ali começou tudo”, contava Moacir.

Meses depois, Moacir recebeu convite da URT, através do massagista Walter para realizar um amistoso pela “celeste” por ocasião da Festa do Milho. Acontece que ele não chegou a atuar pela URT, pois não houve acerto financeiro com a diretoria.

“Ocorreu que, sabedor do acontecido”, relatou Moacir, “o presidente do Mamoré, naquela ocasião o Alonso Pereira da Costa, foi ao meu encontro e juntamente com o Roldão, da Casa Dragão, me levou para o antigo Patos Hotel, com as despesas por conta do quadro esmeraldino.”

Foi então que começaram os entendimentos para que, pelos idos de 1959/60, Moacir Santos viesse a defender as cores do Mamoré, estreando contra o São Vicente, saindo-se vencedor por 7×1. A equipe, naquela oportunidade, era formada por: Hélio, Moacir, Marambia, Paulinho e Julião; Pacuzinho e Patureba; Iolando, Bosco, Luisinho e Anedito.

Moacir recebia na época, salário de 15 contos de réis que lhe eram pagos pelo presidente Alonso Pereira da Costa, para tê-lo como vendedor em sua loja, “A Popular”, situada na rua General Osório. Algum tempo depois, esta mesma loja foi adquirida pelo Moacir, que a ampliou, transformando-a na Casa de Retalhos Nossa Senhora Aparecida. Ultimamente, Moacir possuía a loja A Cegonha.

Timaço

“O melhor time do Mamoré”, contava Moacir, “foi o de 1962, vencedor da Copa Triângulo. O Alonso da Costa era o presidente, o treinador era o Tam e o massagista, Jacaré. A escalação era: Bajoso, eu (Moacir), Chicão, Jovelino e Pedro, que cedeu mais tarde lugar a Bené; Francisco e Paturé; Preto, Santos, Raimundo e Alceu, depois o Anedino”.

Moacir deixou o Mamoré no final de 1962, atraído pela oportunidade que acabara de surgir do América Mineiro, treinando então pelo conhecido Iustrich.

“Por causa de um cigarro”, lembrava Moacir, “acabei não acertando contrato no América. Após o jantar resolvi fumar um cigarro e fui flagrado pelo Iustrich, que me acertou um tapa na boca, acompanhado de uma bronca muito grande pela indisciplina cometida que eu acabava de cometer. Depois disto, resolvi não ficar no América.”

A Volta

Na condição de amador e numa nova posição, a de centroavante, Moacir estava de volta ao futebol patense em 1963, defendendo novamente o Mamoré, Novamente a sorte lhe sorriu financeiramente falando, quando surgiu uma proposta do presidente José Carvalho, da URT, que gostaria de contar com o jogador e pagaria um ano de salários de forma antecipada.

“Confesso que foi uma proposta irrecusável”, contou Moacir, “e apesar dos protestos do Alonso da Costa e todos os torcedores do Mamoré, fui para a URT, estreando justamente contra o quadro esmeraldino, com vitória celeste por 4×0”. Todos os gols foram marcados por Moacir Santos, todos de cabeça.

A bronca dos torcedores esmeraldinos só terminou em 65/66, quando Moacir voltou a atuar pelo time “periquito” encerrando ali sua carreira como atleta.

Dirigente

Moacir fundou e foi presidente do Clube Recreativo Senhora Aparecida – CRSA, campeão do Primeiro Torneio Regional “Dr. Antonio Vieira Caixeta”. Presidiu o Mamoré, levando a equipe à conquista do Campeonato Regional da LPD. Foi também presidente da URT, dando ao clube um título até então inédito, o de campeão amador da cidade. Da Liga Patense de Desportos já foi o vice-presidente.

Participou ainda da comissão pro-profissional do Mamoré e dirigiu a URT no profissionalismo. Foi eleito no centenário de Patos de Minas (1992) como um dos craques de todos os tempos do Mamoré.

Torcedor do América de Belo-Horizonte, Moacir Santos tinha um grande número de amigos e a todos chamava carinhosamente de “marreco”. Nos microfones tinha uma grande desenvoltura e militou em muitas oportunidades como comentarista de rádio.

No programa “Bola na Rede” da Clube era o convidado especial em várias oportunidades, de Copa do Mundo, de Seleção Brasileira, de jogos importantes. A sua última entrevista na Rádio Clube foi ao repórter Toninho Cury, no dia 4 de setembro de 2009, um dia antes do jogo das eliminatórias da Seleção Brasileira em Rosário, na Argentina.

Ouça o depoimento de Moacir Santos…

Por: Adamar Gomes

8 pensou em “Morre Moacir Santos

  1. Pois é, amigo Moacir, sentiremos sua falta, todo o futebol de Patos de Minas, está em luto, em especial a torcida Esmeraldina, voce fez parte da história deste grande clube, tenha certeza que no outro plano, na vida espiritual voce poderá acompanhar com alegria as vitorias do Mamoré e do nosso querido América Mineiro.
    Que o Pai faça uma recepção cheia de amor e fraternidade para esta nova vida, pois aqui voce deu seus passos á esta conquista.Saudades de todos…

  2. Uma grande perda para Patos de Minas e para o esporte regional. Patos de Minas fez um chamamento a ele e ele aceitou e fez a sua historia no esporte como jogador, como dirigente, como comentarista, como comerciante, enfim foi tudo como Adamar descreveu acima, alem de ser uma pessoa atenciosa com todos. Resta-nos lembrar sempre dele com essa vitoriosa trajetoria e que Deus conforte espiritualmente sua familia.

  3. Que pesar, Moacir representou tanto para nossa cidade..há poucos dias li na folha patense sua história(acho que sua despedida).Que Deus o tenha em breve e que lá de cima, nos olhe e nos guie,pois sempre demonstrou muito Amor por nossa cidade.
    Que a Paz de Deus lhe acompanhe….
    Marcos Limirio.

  4. Com certeza Patos perde um grande desportista em todos os quesitos.Descanse em paz meu amigo Marreco.

  5. Lamentavel sob todos os aspectos o passamento do meu gde amigo “Marreco”. Tive o prazer de desfrutar de sua companhia por varios anos, tanto jogando futebol (foi meu dirigente), como em emissoras de radio de Patos de Minas. Fizemos memoraveis viajens por essas Minas Gerais. A familia minhas condolencias… Descanse em paz, meu bom amigo “Marreco”…
    Giovane Gomes Vieira Nunes.

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